
“Esses documentos mostram um cientista guiado por fervor religioso, por desejo de ver as ações de Deus guiando o mundo, e complicam a idéia de que Ciência e Religião são opostas”, diz Yemima Bem-Menahem, curadora da mostra que reúne os documentos.
Como protestante, Newton cria na segunda vinda de Cristo como ponto culminante da História; que o Papa era o Anticristo anunciado no livro do Apocalipse; cria na volta dos judeus para Jerusalém e conversão ao Cristianismo no Milênio; cria na criação literal do mundo em seis dias e na necessidade de obediência aos mandamentos e leis divinas.
Aliás, em um dos documentos divulgados pela Biblioteca Nacional, o cientista interpreta as profecias bíblicas sobre o retorno dos judeus à Terra Prometida. “Quando isso acontecer, se verá a ruína das nações, o fim do choro e de todos os problemas, e o retorno dos judeus a seu próprio reino”, escreveu Newton.
Porém, o trecho mais polêmico dos manuscritos datados como sendo do começo do século 18, é o que Newton prevê o fim do mundo para 2060. “Pode até acabar depois desta data, mas não há razão para acabar antes”, afirma, com base no livro de Daniel.
O matemático não era muito habituado a apontar datas, como mostram suas obras publicadas, ainda mais quando o assunto era o fim do mundo. Especialistas acreditam que ele só abriu mão de seus cuidados no manuscrito em exposição na Biblioteca Nacional de Israel porque se tratava de um texto informal e particular. (Marcos Stefano).
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Artigo extraído da Revista Eclésia - Edição 119 Setembro/2007